IPO do Porto terá piso dedicado à investigação clínica “em menos de um ano”

O Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto conta ter “em menos de um ano” um piso totalmente dedicado à investigação clínica, local que acolherá a unidade de ensaios clínicos de fase precoce, anunciou o presidente, Júlio Oliveira.

Em declarações à agência Lusa, o presidente o IPO do Porto explicou que a Unidade de Investigação de Ensaios Clínicos de Fase Precoce, que existe desde 2019, passará do atual espaço “relativamente pequeno e com limitações físicas” para um piso totalmente remodelado e dedicado à investigação clínica.

O projeto que foi apresentado esta semana ao ministro da Saúde, Manuel Pizarro, inclui uma unidade de ambulatório e internamento para doentes dos ensaios em fase precoce, bem como um hospital de dia para tratamentos dos doentes que estão nos ensaios de fase 2 e fase 3.

Júlio Oliveira explicou que este projeto faz parte dos objetivos do ‘Porto Comprehensive Cancer Center’, um consórcio que junta o IPO do Porto e o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S).

Com uma dotação de 17 milhões de euros, o projeto do IPO do Porto e do i3S, no qual se inclui esta remodelação de espaço, foi alvo de uma candidatura ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

O IPO do Porto já recebeu “quase 60 doentes” para ensaios de fase precoce e, paralelamente, mais de 500 tiveram acesso ao Programa de Medicina de Precisão em Oncologia.

No total, e por ano, nesta instituição são mais de 300 os doentes que são incluídos em ensaios clínicos nas diferentes fases.

“É nossa ambição passar para o dobro”, disse Júlio Oliveira que conta ver a expansão concluída “em menos de um ano”.

O presidente o IPO do Porto sublinhou que “o desenvolvimento desta área foi há vários anos identificado como estratégico em Portugal”, mas o país “continua a ter muitas lacunas nesta área”, o que “o põe atrás de outros países de semelhante dimensão ao nível europeu”.

“Estes ensaios clínicos são cada vez mais são dirigidos por biomarcadores, o que significa que os doentes que são propostos para o ensaio têm uma maior probabilidade de poder vir a responder ao tratamento. Se nós, como país, conseguirmos atrair ensaios clínicos numa fase em que os medicamentos ainda estão numa fase mais inicial do seu desenvolvimento, naturalmente que os ensaios de fase 2 e fase 3 virão para o país”, explicou o dirigente.

Júlio Oliveira considerou “essencial colocar Portugal no mapa da investigação clínica”, até porque, de acordo com dados apresentados na presença do ministro da saúde, “Portugal tem menos de três por cento dos ensaios clínicos que estão a decorrer a nível mundial”. Espanha conta com mais de 16 por cento.

Júlio Oliveira disse que com projetos como este da unidade de ensaios em fase precoce se está a tentar definir novos patamares na área da investigação clínica, mas lamentou: “Temos graves problemas de competitividade”.

“A investigação clínica não é ainda vista de forma estratégica dentro do sistema de saúde. O IPO do Porto é um bom exemplo neste campo, mas estamos muito limitados por causa das regras que são aplicadas ao sistema público, nomeadamente no que diz respeito à contratação de recursos humanos que é o que mais estrangula o desenvolvimento deste tipo de projetos”, descreveu.

Já sobre o que estes projetos resultam na prática para os doentes, o presidente do IPO avançou que assim se dá “mais ofertas de tratamento a doentes que muitas vezes já esgotaram as opções de tratamento”, mas “acabam por encontrar nestes estudos uma derradeira forma de poderem prolongar a sua vida com mais qualidade de vida”.

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